8. Valorizar a Cultura e o Património

​​A cultura e o património não devem estar subordinados ao marketing ou ao turismo, mas centrados na formação de novos públicos, no apoio aos agentes culturais e na valorização comunitária. A cultura deve ser livre, crítica e acessível, mas em Viseu falta uma estratégia cultural que promova criação e programação regulares para os residentes, mantendo os agentes culturais dependentes da Câmara.

O município de Viseu decidiu investir 24 milhões de euros num edifício, o CAEVis, que continua sem projeto artístico e que não dará resposta aos anseios dos agentes culturais.

O património é a janela para a memória do passado, permite conhecer quem somos sem esquecer de onde viemos, deve ser, por isso, preservado e valorizado, entendido como algo além de um instrumento de promoção turística. Porém, o património classificado no concelho cabe numa lista com poucas páginas, que evidencia a falta de interesse dos sucessivos executivos municipais em proteger a riqueza patrimonial de Viseu.

Medidas para uma verdadeira política cultural focada em quem vive no concelho:

Rede Cultural e Museológica
  • O encerramento dos museus municipais ao domingo é um erro que afasta famílias e comunidades do acesso à cultura. O domingo deve ser um momento de fruição e educação cultural, por isso propomos a sua reabertura nesse dia, garantindo o direito de todos à cultura;
  • Dinamizar a rede de Museus, concebê-los como espaços de formação ao serviço da comunidade;
  • Criar uma linha regular de transporte público que sirva a Rede Municipal de Museus;
  • Criar um Centro de Interpretação da Cava de Viriato;
  • Identificar todo o Património que pode ser de Interesse Municipal e classificá-lo;
  • Classificar como Património de Interesse Municipal o conjunto dos edifícios Arte Nova e interiores (como o da antiga Sapataria Elegante, exemplar raro no país de “Art Deco”, já despida do seu património);
  • Classificar o espólio do Mestre Malho, para posterior musealização, e garantir a preservação dos candeeiros da sua autoria ou da sua escola. O mesmo se aplica ao espólio do Mestre Albuquerque;
  • Criar um museu de escritoras e escritores ou poetas ligados a Viseu, para que se evoque, homenageie e preserve as obras e vidas de Judith Teixeira, Luís Miguel Nava, ou Aquilino Ribeiro, por exemplo;
  • Incluir no Arquivo Distrital de Viseu um arquivo audiovisual (imagens fotográficas e fílmicas e sons do distrito), para tal fazendo o levantamento e garantindo a preservação das memórias do distrito em imagem e sons (arquivo audiovisual). Deste arquivo também deverão fazer parte coleções pessoais e o espólio de fotógrafos locais;
  • Democratizar a exibição cinematográfica: Adquirir o Cinema Ícaro e disponibilizar o espaço para os programadores, de forma a acolher sessões regulares e temáticas;
  • Contratar profissionais para promover a cultura nas freguesias;
  • Promover projetos de circulação cultural: levar espetáculos às aldeias e trazer as aldeias à cidade.
Criação Artística e Apoio aos Agentes Culturais
  • Criação do Conselho Municipal da Cultura com participação efetiva dos agentes culturais;
  • Reformular o programa municipal de apoios à cultura, criando linhas que contemplem a distinção entre programação regular, projetos consolidados e novos projetos;
  • Rever o calendário do programa de apoio à cultura, permitindo programação financiada desde janeiro;
  • Apoiar a exportação e circulação de projetos culturais, garantindo a divulgação fora do concelho;
  • Assegurar estabilidade financeira aos agentes culturais, providenciando apoio adequado e contínuo aos seus projetos, de modo a fortalecer a cultura local;
  • Criar um gabinete de apoio especializado para os agentes culturais, que os acompanhe na submissão de candidaturas a financiamentos locais, nacionais e europeus, garantindo a capacidade das estruturas e dos profissionais na obtenção de recursos para a atividade artística.
Educação e Formação Artística
  • Tornar o ensino artístico acessível a todas as crianças e jovens do concelho, assumindo a dotação orçamental necessária para que existam, entre outros serviços, a figura do artista residente em todas as escolas, garantindo igualdade entre alunos;
  • Facilitar o acesso dos alunos que se encontram na periferia aos museus e atividades culturais, nomeadamente, facilitando o acesso a transporte;
  • Mais apoio, por parte da Autarquia, ao Plano Nacional das Artes, como já acontece noutros concelhos;
  • Integrar os agentes culturais locais em programas educativos, com remuneração justa.
Espaços e Infraestruturas
  • Fazer o mapeamento dos espaços existentes no concelho, freguesia a freguesia, garantindo o apoio e a adaptação dessas infraestruturas descentralizadas para o uso de artistas e associações;
  • Reaproveitar espaços nas freguesias para projetos culturais, descentralizando a produção e fruição artística, criando as condições técnicas adequadas (blackbox, estúdios de ensaio e criação);
  • Criar um calendário municipal único de eventos para evitar sobreposições.
Transparência
  • Os programadores culturais municipais devem ser diretores artísticos independentes, não funcionários da Câmara (fim da promiscuidade atual);
  • Promover uma gestão participada e transparente, com prestação de contas regular sobre os apoios e decisões culturais;
  • Criar mecanismos de participação pública e associativa na definição da estratégia cultural.
7. PROMOVER O TRABALHO DIGNO E A ECONOMIA LOCAL
9. APOIAR O DESPORTO
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